Higienização oral previne 56% das infecções respiratórias em pacientes internados em UTIs

Higienização oral previne 56% das infecções respiratórias em pacientes internados em UTIs

Coordenadora do curso de Odontologia da Estácio explica protocolos cruciais para evitar a permanência hospitalar de pacientes com Covid.

Pacientes com Covid internados em UTIs demandam cuidados globais com a saúde e uma equipe especializada e vigilante. Entre os profissionais necessários durante esse processo, o dentista exerce um papel fundamental para controlar infecções da boca que podem prolongar a permanência do paciente no hospital. De acordo com um estudo publicado em 2018 no International Dental Journal, tratamentos nas estruturas bucais realizados em pacientes intubados em UTI podem prevenir 56% das infecções respiratórias, como destaca a coordenadora do curso de Odontologia da Estácio, Mariana Pereira:

“O estado de saúde do paciente com Covid-19 pode ser agravado, caso sua higiene bucal não seja realizada de maneira correta. Uma boa higienização da cavidade bucal pode evitar, principalmente, problemas pulmonares.”

Segundo a cirurgiã-dentista, a literatura odontológica tem demonstrado a influência da condição bucal na evolução do quadro de pacientes internados. “Estudos indicam que pacientes em UTI apresentam higiene bucal deficiente, com a possibilidade de redução do fluxo salivar, em razão do uso de medicamentos, o que gera um aumento do biofilme e de sua complexidade. A presença de um biofilme bucal, bem como a de doença periodontal, podem atuar como fontes de infecção nosocomial ou hospitalar. Bactérias presentes na boca podem ser aspiradas e causar pneumonias de aspiração”, descreve Mariana Pereira.

Para reduzir os riscos de mortalidade de pacientes que contraíram pneumonia durante o período de internação, a especialista explica que são empregadas ações mecânicas e farmacológicas, que podem ser associadas. As mecânicas envolvem a escovação dentária e limpeza dos tecidos moles adjacentes. Já as farmacológicas consistem na descontaminação das estruturas bucais com uso tópico de antissépticos.

“A higienização é feita com uma escova especial que faz a sucção de secreções e um gel a base de digluconato de clorexidina a 0,12%, duas vezes ao dia. Para limpeza das áreas edêntulas, da mucosa, língua e lábios utiliza-se um swab ou um palito de madeira evolvido em uma gaze, umedecido na solução a base de clorexidina 0,12%. Associado a esses cuidados e, em razão de uma redução do fluxo salivar, o que é comum em pacientes hospitalizados, faz-se uma aplicação de vitamina E nos lábios e mucosas para uma hidratação”, relata a coordenadora do curso de Odontologia da Estácio.

Mariana Pereira ressalva que pacientes submetidos a traqueostomia ou intubação orotraqueal exigem ainda mais cuidados que, necessariamente, devem ser executados pelo profissional de Odontologia. “É de suma importância promover a limpeza eficaz das estruturas bucais e do tubo orotraqueal. Nesses pacientes, a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é uma das principais causas de morte e permanência no leito. Os procedimentos de higiene bucal são semelhantes aos já descritos, mas aqueles que estão intubados e pronados precisam de atenção redobrada, porque a presença do tubo orotraqueal e da posição adotada (pronação – técnica em que o paciente é colocado de barriga para baixo) dificultam mais os protocolos de higienização”, elucida a profissional.

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