Entenda os diversos tipos de testes para diagnóstico da COVID-19

Entenda os diversos tipos de testes para diagnóstico da COVID-19

O diagnóstico rápido e preciso da COVID-19 é vital para o gerenciamento adequado de doenças e surtos, permitindo medidas imediatas e precisas de vigilância em saúde pública, prevenção e controle. Atualmente, os testes de diagnóstico para COVID-19 dependem de duas categorias principais: 1) métodos nos quais a amostra clínica é examinada diretamente quanto à presença de partículas virais, antígenos virais ou ácidos nucleicos virais; e 2) testes sorológicos que detectam anticorpos anti-SARS-CoV-2.

A reação em cadeia da polimerase com transcriptase reversa em tempo real (RT-PCR), um teste molecular do ácido nucleico do vírus encontrado em amostras respiratórias, é atualmente usado como padrão de referência para o diagnóstico de COVID-19.  O sequenciamento genético viral usando reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa em tempo real (qRT-PCR) é a técnica mais utilizada para o diagnóstico da COVID-19, devido à sua alta sensibilidade e especificidade em casos de infecção aguda. No entanto, os testes qRT-PCR podem ser trabalhosos, exigindo equipamentos especializados e um laboratório centralizado, o que aumenta o tempo de espera pelos resultados e os custos.

Além disso, este método tem limitações que incluem possíveis resultados falso-negativos se a quantidade de genoma viral for insuficiente ou se a janela de tempo correta de replicação viral for perdida. Assim, pacientes com suspeita de COVID-19 podem receber um diagnóstico incorreto, levando a uma maior disseminação da doença ou tratamento inadequado no caso de falsos positivos e maior disseminação da doença por conduta clínica equivocada.

Em uma revisão sistemática, Mallet et al. (2020) demonstraram que a taxa de resultados falso-negativos do teste qRT-PCR aumenta em amostras nasofaríngeas coletadas dez dias após o início dos sintomas. Dessa forma, os testes imunocromatográficos rápidos apresentam um método diagnóstico complementar, auxiliando na identificação de pacientes infectados. Os testes rápidos disponíveis se beneficiam da triagem de populações maiores, com e sem sintomas, em locais que não sejam os serviços de saúde e fornecem um diagnóstico mais rápido para permitir a prevenção precoce da disseminação do COVID-19.

Testes rápidos baseados em análise imunocromatográfica podem detectar anticorpos de imunoglobulina M (IgM) e imunoglobulina G (IgG) para o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) em pacientes com infecção atual ou passada. Os tempos médios estimados para soroconversão são de 11 dias para anticorpos totais, 12 dias para IgM e 14 dias para IgG. No entanto, conforme pesquisa realizada por Zhao e colaboradores (2020), os pacientes testados dentro de uma semana após o início dos sintomas mostraram uma alta proporção de resultados falso-negativos em testes rápidos de anticorpos.

Os testes sorológicos, denominados imunoensaios, são técnicas rápidas e simples baseadas na detecção qualitativa ou quantitativa de imunoglobulinas anti-SARS-CoV-2. Existem vários tipos de testes sorológicos disponíveis, incluindo ELISA (ensaio imunossorvente ligado a enzima), fluorescência de imunoensaio de quimioluminescência e imunocromatografia qualitativa. Assim, testes sorológicos para anticorpos contra SARS-CoV-2 são uma ferramenta importante para estudos epidemiológicos, para determinar o estado de imunização de uma população e identificar pacientes assintomáticos.

A combinação de RT-PCR e testes sorológicos aumentam a sensibilidade e a precisão do diagnóstico de COVID-19. Logo, o uso complementar de testes de anticorpos IgM-IgG pode garantir um diagnóstico correto, permitir uma intervenção precoce e desempenhar um papel crítico no combate a surtos. Devido às suas vantagens, muitos testes sorológicos para COVID-19 ficaram disponíveis em um curto período, incluindo alguns comercializados para uso como testes rápidos no local de atendimento. Esses testes fornecem resultados poucos minutos após a administração do teste e podem estender o teste a comunidades e populações que não podem acessar prontamente os cuidados.

Além disso, os testes rápidos no local de atendimento contribuem para a triagem rápida de pacientes doentes e contenção da disseminação do Sars-CoV-2. Em geral, os estudos sugerem que os testes diagnósticos diretos são mais sensíveis e específicos durante a fase inicial do início dos sintomas (com melhores resultados entre 1 e 3 dias), e os testes sorológicos que detectam anticorpos IgM e IgG são mais precisos após 15 dias de contágio, com títulos aumentando de acordo com a evolução dos sintomas.

No Brasil, o Ministério da Saúde tem distribuído testes rápidos de antígeno de Covid-19 em todo o país. O referido teste de antígeno funciona assim: a partir de uma amostra coletada pelo swab nasal ou nasofaríngeo, o exame detecta a presença de uma proteína do coronavírus, para mostrar se a pessoa está infectada e em uma fase com maior risco de transmissão. O teste é mais prático, pois não necessita de um laboratório para ser processado, é de fácil manipulação e pode ficar em temperatura até 30º C. Com o resultado em 15 minutos, o teste de antígeno tem um grau de confiança elevado, graças a uma tecnologia avançada, que foi se aprimorando desde o começo da pandemia. É importante esclarecer que os testes RT-PCR continuam sendo usados como padrão ouro no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, são necessários para garantir o diagnóstico.

Além disso, recentemente, a diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a inclusão do exame teste rápido para detecção de antígeno SARS-CoV-2 (coronavírus Covid-19), no rol de coberturas obrigatórias para beneficiários de planos de saúde. Mas como funciona o teste rápido para COVID-19? Os testes rápidos têm sido assunto frequente nas notícias, pois são uma ferramenta importante para diagnosticar a covid-19 em alguns casos.

Testes sorológicos são aqueles que identificam a presença de anticorpos no material avaliado (sangue, saliva ou catarro por exemplo). Anticorpos são substâncias produzidas pelo sistema de defesa humano quando algum microrganismo ou corpo estranho entra em contato com o corpo. Eles são pequenas proteínas que se ligam ao microorganismo invasor, impedindo que eles danifiquem nossas células. Além disso, sinalizam para células do sistema imunológico que elas devem atacar. Para cada vírus, bactéria ou fungo, o corpo produz anticorpos específicos. Por isso, geralmente, os anticorpos contra uma infecção não funcionam contra outra, mas há exceções. Dessa forma, ao se identificar um determinado anticorpo numa amostra de sangue, por exemplo, é possível identificar o agente que infectou o indivíduo.

O teste rápido para covid-19 consiste num cassete de plástico (similar àqueles de testes de gravidez encontrados em farmácias) com um pequeno poço onde se coloca algumas gotas de sangue da pessoa a ser testada. O sangue passa, então, por uma fita absorvente que o leva até a área onde está o reagente. O reagente é uma substância que, quando entra em contato com os anticorpos muda de cor, indicando a presença deles na amostra avaliada. Caso a pessoa tenha produzido anticorpos para o novo coronavírus, duas faixas coloridas aparecerão no mostrador e o resultado é positivo. Caso o sangue não apresente anticorpos, aparece apenas uma faixa e o resultado é negativo. Se o mostrador continuar branco, o teste deu errado e deve ser refeito.

Os principais pontos positivos do teste rápido são: a velocidade, o resultado sai em poucos minutos; a praticidade, pode ser realizado em qualquer lugar facilmente; e o custo, mais barato que outros testes disponíveis. Os testes atuais avaliam a presença de dois tipos de anticorpos diferentes, IgG e IgM. O significado do teste depende de quais dessas proteínas foram identificadas. Quando o resultado é positivo apenas para IgM, significa que a pessoa está ou esteve recentemente infectada. Quando o resultado é positivo para IgG significa que a pessoa já entrou em contato com o vírus no passado.

Por: Profª Drª Samara Rodrigues Bonfim Damasceno Oliveira, professora de Biomedicina da Estácio

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